Estamos diante de um sinal que não é apenas biológico, é também profundo no nível da alma. O medicamento que hoje se tornou um dos mais vendidos no Brasil para acalmar o corpo e a mente, carrega em seu uso prolongado uma mensagem maior: o pedido de ajuda da nossa essência.
Quando alguém na maturidade da vida se volta para um comprimido como caminho quase único para dormir, acalmar, silenciar a ansiedade ou o luto, está nos dizendo que há um vazio desconhecido, uma dor que não está sendo vista. A dependência silenciosa mencionada na notícia é muito mais do que química: é o corpo dizendo que o espírito está pedindo atenção.
O caminho da cura, então, passa por enxergar que:
A insônia, o medo, a solidão que acometem muitos na terceira idade não são apenas sintomas a serem apagados. São mensagens da alma, pedindo escuta, acolhimento, reconexão com o sentido de vida.
O medicamento pode dar alívio, sim, e em determinados momentos ter papel importante. Mas quando vira “eterno”, quando se usa sem acompanhamento e sem diálogo, está se tornando um anestésico da existência. E alma precisa de presença, não de ausência.
A verdadeira liberdade surge quando trazemos para a luz o que está escondido: o medo de envelhecer, o luto por perdas, a sensação de inutilidade ou de invisibilidade. O que estamos “medicando” por dentro? E se a fórmula para o remédio fosse nutrir a conexão, com a vida, com outros, com o nosso próprio coração?
Para os que hoje sentem esse uso prolongado: perceba com ternura que você merece mais do que sobreviver em piloto automático. Você merece florescer, mesmo que o tempo tenha marcado sua pele com rugas e sua história com lembranças de dor. Mesmo que o corpo peça descanso, a alma clama por movimento, por expressão, por alegria.
Permita-se:
Olhar para dentro com compaixão e reconhecer o que está pedindo luz.
Pedir ajuda, não só médica, mas também emocional, espiritual, comunitária.
Transformar o hábito de “tomar para calar” Num gesto consciente de “tomar para transformar”.
Acordar para a maturidade como momento sagrado: não é “água morna”, não é “fim de festa”, é fruto colhido, é sabedoria encarnada, é tempo de amar com mais leveza.
Se esse uso já existe há tempo, saiba que redirecionar é possível, mesmo que devagar. A cura não exige pressa, mas exige presença. E no agora, o convite é : respirar fundo, sentir o próprio corpo, perceber onde dói, onde congelou, onde precisa se expandir.
Que possamos juntos transformar a dependência silenciosa em uma escuta suave. Que o remédio mais potente não seja o comprimido, mas sim o amor, a comunhão, a presença consciente de cada instante.
Porque envelhecer não significa envelhecer em silêncio, significa “achar a voz nova”. E essa voz pode dizer : “ainda posso. e ainda mereço”.
